A teoria sobre a extração de siso do meu sobrinho era uma coisa. A prática, como descobrimos numa noite de terça-feira, começou com uma crise. Ele me ligou em pânico, com dor, o rosto começando a inchar e dificuldade para abrir a boca. O dente do siso, que estava quieto até então, decidiu se manifestar da forma mais agressiva possível. O diagnóstico que receberíamos mais tarde era de pericoronarite, uma infecção aguda. Naquele momento, porém, nosso único foco era encontrar alívio para um dente do siso inflamado em Belo Horizonte.
A primeira lição que aprendemos é que não se extrai um dente no meio de uma infecção aguda. A prioridade é controlar o quadro inflamatório. Nossa busca não foi por um cirurgião para a extração, mas por um dentista que pudesse atender uma urgência, diagnosticar o problema e prescrever a medicação correta. Encontramos uma clínica na região centro-sul que nos atendeu no mesmo dia. O olhar de dor do meu sobrinho, um rapaz de 18 anos que normalmente é pura energia, era de cortar o coração.
Controlando a Infecção Antes da Cirurgia
O dentista foi excelente. Após uma rápida radiografia, ele confirmou que o problema era o dente do siso inflamado, que estava parcialmente para fora e coberto por um capuz de gengiva onde comida e bactérias se acumulavam. O tratamento de urgência consistiu em uma limpeza cuidadosa do local e na prescrição de um anti-inflamatório e um antibiótico. Ele explicou que a cirurgia de extração só poderia ser planejada após a infecção ceder completamente.
A sensação de alívio do meu sobrinho após o início da medicação foi gradual, mas nítida. O inchaço diminuiu, a dor cedeu. Aquele episódio, embora assustador, foi um alerta poderoso. Mostrou-nos a importância de não adiar a extração de um siso quando há indicação para tal. Um dente incluso ou mal posicionado é como uma pequena bomba-relógio na boca.
Da Crise ao Planejamento
A experiência com o dente do siso inflamado transformou nossa abordagem. O que antes era um planejamento futuro (“um dia vamos ter que tirar esses dentes”), tornou-se uma prioridade imediata. Assim que a infecção foi totalmente controlada, agendamos a consulta com o cirurgião bucomaxilofacial para planejar a extração. A crise serviu de lição: na saúde, a prevenção e a ação planejada são sempre infinitamente melhores – e menos dolorosas – do que o gerenciamento de uma crise que poderia ter sido evitada. O “juízo” que o dente do siso traz é, muitas vezes, a noção de que não se deve brincar com a própria saúde.
