As aftas, ou úlceras aftosas recorrentes, são velhas conhecidas da maioria da população. São aquelas pequenas feridas arredondadas, esbranquiçadas e com uma borda avermelhada que surgem na mucosa da boca, causando um ardor e desconforto desproporcionais ao seu tamanho. Geralmente, elas são benignas e autolimitadas, ou seja, saram sozinhas em um período de sete a quatorze dias.
O sinal de alerta, no entanto, acende quando uma afta ou qualquer outra ferida na boca persiste por mais tempo do que o esperado. Uma lesão bucal que não cicatriza em um período de duas a três semanas deixa de ser uma simples afta e se torna uma condição que exige, obrigatoriamente, a avaliação de um profissional de saúde, preferencialmente um cirurgião-dentista, para um diagnóstico diferencial preciso.
Diferenciando a Afta Comum de Lesões Atípicas
É crucial saber identificar as características de uma afta comum para poder reconhecer quando uma lesão foge do padrão.
Características da Afta Recorrente
As aftas comuns surgem em áreas de mucosa não queratinizada, como a parte interna dos lábios e bochechas, o assoalho da boca e a língua. Elas são dolorosas, mas não estão associadas a febre ou mal-estar geral, a menos que sejam muito numerosas (estomatite aftosa). São recorrentes, ou seja, podem aparecer e desaparecer ao longo da vida, muitas vezes associadas a estresse, pequenas traumas ou certos alimentos.
Sinais de Alerta de Outras Lesões
Uma lesão na boca se torna preocupante quando apresenta características diferentes. Se a ferida for indolor, tiver bordas endurecidas, uma aparência mais avermelhada ou ulcerada e, principalmente, se persistir no mesmo local por mais de 15 dias sem sinais de cicatrização, ela precisa ser investigada. Lesões em áreas como o palato duro (céu da boca) e a gengiva inserida também são menos comuns para aftas e merecem atenção.
A Importância da Avaliação Profissional
A principal razão para a preocupação com feridas que não saram é a necessidade de descartar a possibilidade de lesões mais sérias, incluindo o câncer de boca.
O Diagnóstico Diferencial
Ao examinar uma lesão persistente, o dentista, especialmente um especialista em Estomatologia, irá avaliar seu histórico, tamanho, formato e localização. Ele irá diferenciar a lesão de outras condições, como herpes, líquen plano ou doenças autoimunes. Se houver qualquer suspeita, o procedimento padrão e mais seguro é a realização de uma biópsia.
A Biópsia Como Procedimento Esclarecedor
A biópsia é um procedimento simples, realizado no próprio consultório sob anestesia local, no qual um pequeno fragmento da lesão é removido e enviado para análise em um laboratório de patologia. É o único exame capaz de fornecer um diagnóstico definitivo. Na esmagadora maioria das vezes, o resultado é benigno. No entanto, no caso raro de um diagnóstico de câncer bucal, a detecção precoce através da biópsia aumenta drasticamente as chances de um tratamento bem-sucedido. Portanto, qualquer ferida na boca que não cicatriza não deve ser negligenciada. A vigilância e a busca por um profissional são as melhores ferramentas de prevenção.
