Nós, advogados, somos treinados para identificar os pequenos sinais, as entrelinhas de um contrato, os detalhes que podem gerar um grande problema no futuro. Ironicamente, por meses, eu ignorei um sinal claro que meu próprio corpo me dava: uma gengiva inflamada. Começou de forma sutil. Um leve sangramento ao passar o fio dental, uma vermelhidão aqui e ali. Eu culpava a “escova de dentes nova”, a “força na escovação”, qualquer coisa para não encarar o problema de frente.

Uma gengiva inflamada não dói no início, e esse é o seu maior perigo. É um inimigo silencioso. O sangramento se tornou mais frequente. A gengiva parecia mais inchada, com um tom vermelho-escuro que contrastava com o rosa pálido que eu me lembrava de ter. Aquele sinal visual começou a me incomodar esteticamente e, finalmente, a acender a luz amarela da preocupação. Meu lado pesquisador assumiu o controle.

O Diagnóstico que Vem do Espelho (e do Google)

Minha pesquisa online sobre gengiva inflamada me levou a um diagnóstico provável e assustador: gengivite. A inflamação da gengiva causada pelo acúmulo de placa bacteriana. E o pior: se não tratada, a gengivite poderia evoluir para uma periodontite, uma doença mais grave que afeta o osso que sustenta os dentes e pode levar à sua perda. Aquele advogado que se orgulhava do seu sorriso recém-reformado estava correndo o risco de perder tudo por negligência com a “fundação”.

A informação foi o empurrão que eu precisava. A visão de um futuro com problemas periodontais, com a necessidade de tratamentos muito mais complexos e caros, foi o suficiente. O medo superou a procrastinação. Eu precisava de uma avaliação profissional para confirmar o diagnóstico e traçar um plano de ação.

O Primeiro Passo para a Cura: A Consciência do Problema

A experiência com a gengiva inflamada foi uma lição de humildade. Mostrou-me que a saúde não é um estado permanente, mas um processo de manutenção contínua. E que os pequenos sinais são os mais importantes. Aquele sangramento na pia, que eu limpava e esquecia, era na verdade um pedido de socorro do meu corpo. Reconhecer e aceitar o problema foi o primeiro e mais crucial passo. O passo seguinte seria marcar uma consulta e ouvir de um profissional o que precisava ser feito, com a determinação de, desta vez, não falhar com a minha própria saúde.