A extração do dente do siso é um dos procedimentos cirúrgicos mais comuns da odontologia, mas a recomendação do dentista nem sempre é recebida com tranquilidade. O medo da cirurgia, do pós-operatório ou a simples falta de sintomas aparentes levam muitos pacientes a questionarem a necessidade do procedimento e a se perguntarem: “o que acontece se eu não extrair o siso?”. A resposta não é única e depende da razão pela qual a extração foi indicada.
É importante esclarecer que nem todo dente do siso precisa ser extraído. Se ele erupcionou completamente, está em uma posição correta para a mastigação e permite uma boa higienização, ele pode permanecer na boca. No entanto, na maioria das vezes, a falta de espaço na arcada impede que isso aconteça, e é aí que os problemas começam. Ignorar a indicação de extração de um siso mal posicionado é assumir uma série de riscos para a saúde bucal.

O Risco Imediato: Inflamação e Infecção Aguda
Os problemas mais comuns e que se manifestam mais rapidamente estão ligados à erupção parcial do dente.
Pericoronarite de Repetição
Quando o siso nasce apenas parcialmente, ele cria um capuz de gengiva que acumula alimentos e bactérias, sendo de difícil limpeza. Isso leva a um quadro de inflamação e infecção dolorosa chamado pericoronarite. Os sintomas incluem dor, inchaço na gengiva, mau hálito e dificuldade para abrir a boca. Se não for extraído, esses episódios tendem a se repetir, tornando-se cada vez mais severos.
Os Riscos a Longo Prazo: Danos Silenciosos e Irreversíveis
Talvez os maiores perigos de não extrair um siso mal posicionado sejam os danos que ele causa de forma silenciosa ao longo dos anos.
Cárie no Siso e no Dente Vizinho
Um siso mal posicionado, especialmente aquele que está “deitado” e impactado contra o dente vizinho (o segundo molar), cria uma área de extremo difícil acesso para a higiene. Essa região se torna um local ideal para o acúmulo de placa bacteriana, resultando em cárie. Frequentemente, a cárie se desenvolve não apenas no siso, mas também no segundo molar, um dente extremamente importante para a mastigação. Tratar ou até mesmo perder o segundo molar por causa de um siso que deveria ter sido extraído é uma consequência muito comum e danosa.
Reabsorção Radicular e Problemas Periodontais
A pressão constante que um siso impactado exerce sobre a raiz do dente vizinho pode causar um processo de reabsorção, ou seja, um “desgaste” irreversível da raiz do segundo molar. Além disso, a dificuldade de higienização na área pode levar a uma perda óssea localizada, criando um problema periodontal grave.
Formação de Cistos e Tumores
Embora mais raro, o tecido que envolve um dente do siso que não erupcionou (o folículo pericoronário) tem o potencial de se transformar em um cisto ou, mais raramente, em um tumor odontogênico. Essas lesões podem destruir grandes áreas do osso da mandíbula de forma silenciosa e exigir cirurgias muito mais extensas e complexas. A decisão de não extrair um siso indicado não é uma economia, mas um risco assumido. A extração preventiva é, na maioria dos casos, a atitude mais conservadora e segura para a saúde bucal a longo prazo.
